Alvarelhão é uma daquelas uvas tintas que passaram décadas, quando não séculos, discretas, dentro de vinhedos de produção de porto, entre tintas e tourigas, em um tempo em que pouco se falava sobre uvas específicas. Coisas que o Douro milenar sempre fez pelo bom paladar. Lentamente, vários produtores vêm não só identificando essas [ Leia mais… ]
Ou a pinot noir dá certo ou dá muito errado. Admiro os produtores gaúchos que insistem em plantar a uva para produzir vinhos tintos em condições quase adversas para uma uva tão temperamental com solos, climas e umidades. Enquanto brilhava com os espumantes, a casta tropeçava nos vinhos tranquilos, em rota tortuosa de acertos [ Leia mais… ]
Graça de traços orgânicos com uma das regiões mais injustiçadas do vinho, a partir de uma das uvas mais desvalorizadas pela história. Expulsa duas vezes da Borgonha por atos e decretos furiosos, o exílio da casta gamay foi o Beaujolais e, do outro lado do morro, nas nascentes do Loire. Atrás daqueles morros ficava [ Leia mais… ]
4 Monos, quatro macacos, quatro amigos, quatro castas em quatro míseros hectares ao pé da Sierra de Gredos, uma cordilheira de visão alpina, que enganaria a muitos na imagem, se dissessem que era Mendoza. Ali, em altitudes que beiram os mil metros, cultivam vinhas velha da garnacha, a cariñena, a morenillo e um pouco do [ Leia mais… ]
Já estava com o post pronto quando eu soube que hoje era Dia Mundial do Gato. E é um desses distintos indivíduos, de manto e lança de guerreiros, meio com cara de jaguaritaca, que estampa um vinho laranja surpreendente na qualidade e no preço: Folklore Naranja, menos de 100 pratas, de perfume e paladares intensos, [ Leia mais… ]
Sim, nossos rosés estão correndo por fora e já concorrem com os brancos nacionais e com muitos de nossos espumantes. Um deles é esse aí da foto, o Vinhética Terroir. Pura Serra Gaúcha, é o achado de um francês, Gaspar Desurmont, que vive em um contêiner, quase como eremita, do lado de um dos vinhedos [ Leia mais… ]
Não é de hoje que a região de Lisboa vem levantando a bandeira do que há de mais moderno no vinho português. Não era assim, mas o jogo mudou. Mais ainda com vinhas novas, frescas e vibrantes de outra “tradição” cada vem mais moderna, a uva arinto, que começa a exigir a sua condição de [ Leia mais… ]
O ambiente das vinhas no sopé do Etna é de uma beleza quase sinistra. A terra nera, que batiza alguns dos rótulos, é densa e escura como um pó de chocolate amargo. Mas suave, que cede ao passo do homem. E do tempo. Algumas ruínas pontuam a paisagem e dão o testemunho de uma [ Leia mais… ]
Captura em estilo “chiaroscuro”, de mais uma das pequenas obras de arte do grande espetáculo que a Cristofoli, um dos ícones do nosso “garage wine” (ou “vin de boutique”, se preferirem) nos traz, com os tratos da uva sangiovese, de clone antigo, uma decana das já centenárias imigrações dos italianos para o Brasil que já [ Leia mais… ]
Na foto 1, o foco; na foto 2, a dupla exposição, no estilo “eu era assim e fiquei assim”. Mas não foi só o rótulo que mudou em elegância. O conteúdo também. E ganhou em maciez e textura, profundidade e ternura – ganhou, e muito, mesmo com safras tão próximas, contíguas. Vinhaço de roupa nova, [ Leia mais… ]
Kwak Black Flandres, pavilhão de qualidade da bandeira belga no Herr Pfeffer. Atenção para o formato do copo, coisa de artista da nata. Atenção para a cor, mais ouro do que prata. Atenção para a textura dessa cerveja de inspiração trapista, de que tem muito de artista e, claro, algo de pirata. [ Leia mais… ]
Côtes-du-Rhône branco? Por mim, sempre, mas é raridade nas cartas e, pior, no nosso imaginário. Não deveria, já que a elegância da combinação da viognier, de estrutura e perfume, e da grenache branca, de graça e encanto, faz tão bonito do que os super tintos da região. É vinho de carta ousada, para encarar [ Leia mais… ]
Da Quinta do Portal, a consagração da Quinta dos Muros, e de sua parcela, a M7, já equilibrado, sedoso, com o frescor das ervas que saltam de cada espaço de pedra das margens do Pinhão perfumando as raízes contorcidas de velhas vinhas. E são vinhas tão velhas que tiveram de convocar um ampelógrafo francês, especialista [ Leia mais… ]
Bertani Dueuve 2017. Composição, corvina e merlot. Fiz questão de fazer a foto de dentro do copo para exibir a cor lindíssima deste vinho leve e delicado, mas também profundo e instigante, delicado como um Bardolino, um dos vinhos mais adoráveis da área do Vêneto. Este é para qualquer situação, vinho de aperitivo sorridente, que [ Leia mais… ]
Essa aí é a prova (e põe prova e aprova nisso) de como os pinot noirs brasileiros ganharam vida no lugar da sobrevida. Pequena aula de como tratar a uva que vai salvar o mundo da mesmice: vivo, vibrante, elegante, insinuante, em mais uma pincelada que a Vinhas do Tempo traz à paleta de nossos [ Leia mais… ]
Solstício 2016. Duas aulinhas sobre vinhos alentejanos em um vinhaço só. A primeira, sobre uma das expressões da moda, o “field blend”, mistura do campo, em tradução livre. Tão livre quanto os antigos produtores, que plantavam suas uvas, com o instinto e a experiência como partes de um terreno só, de onde saíam, todas [ Leia mais… ]
Uma amiga me perguntou qual vinho eu escolheria para conquistar alguém. São tantas as respostas. Depende muito do momento em que a relação está. Pode vir na forma de um vinho em torno de um primeiro jantar à luz de velas, no qual o rótulo só importa se for ruim. Pode vir de um [ Leia mais… ]
O VINHO QUE SAI DA CAIXA Reproduzo uma coluna da série sobre a informalidade em relação aos vinhos. Fiz um paralelo sobre a cerimônia que os brasileiros em geral, os cariocas em particular, fazem com o vinho. Lembrei dos grandes tempos do Rio capital, da redução da oferta pelo afogamento dos impostos. Mas fiz [ Leia mais… ]
Das profundezas da adega do Irajá Bistrô, um vinho para abrir a noite sorrindo: Casa Viccas, dos Confins de Serafina Correia, entre Passo Fundo e Bento Gonçalves, longe de distâncias legais e das estâncias acadêmicas: merlot com a proibidona uva lorena, cru na boca, quase primitivo, intenso no corpo, no meu inclusive.
Da capa do caderno RioShow, do Globo, sobre vinhos brasileiros, a anatomia de uma apuração, parte 1: na Winehouse, uma das primeiras casas que contactei, veio a surpresa: de pouca presença na lousa da casa, o vinho brasileiro passou a mandar em todas as cores. E não basta ser brasileiro. Tem que ser rótulo interessante, [ Leia mais… ]
Sendo o Brasil o país da cana e do melaço, fica a pergunta: por que não temos uma tradição de rum? Quem sabe essa trajetória não se inicia com este cavalheiro aí em cima, o Parnaioca, rum produzido por um grupo de jovens empresários cariocas, André Micheli, Pedro Pessanha, Caian Carvalho e batizado com [ Leia mais… ]
Asahi, de アサヒ(pronuncia-se “açaxí”). É o rótulo de cerveja definitivo para acompanhar o sushi e balancear a textura do arroz, lavar o salgado do shoyu e valorizar cada corte de peixe cru com o seu frescor quase salino – ou “super dry” (辛口, karakuchi), como anuncia o rótulo. Refrescante e saborosa, é a [ Leia mais… ]
Quem disse que o kir royal saiu de moda? É um dos drinques mais pedidos no bar do Gajos d’Ouro, especialmente por quem curte o happy hour naquela varanda voltada pra Ipanema. É uma receita antiga, mas que volta à moda de forma curiosa. Quando um pede, à mesa inteira acaba pedindo também. A [ Leia mais… ]
Olhem bem para esta garrafa. É umas das 383 que a brava Vanessa Medin produz no Vale dos Vinhedos. Cru, não-filtrado, extraído, e seco como um grande uísque, de aromas que intensos mas discretos, mais ou menos o que o Chanel nr. 5 da Marilyn Monroe quer de ser quando crescer. A boca [ Leia mais… ]
Mais uma experiência esplêndida com a linha Matiz, da Vinícola Hermann. Aqui, um corte de tintos com tempranillo no comando, mas na rédea curta mantida pelo cavaleiro Anselmo Mendes. Sim, o mestre jedi dos vinhos verdes é consultor deste projeto e, como não poderia deixar de ser, do Matiz Branco, da casa…? Adivinharam: alvarinho. Evolução [ Leia mais… ]
Em Zaragoza faz um calor danado. Por lá, vinho encorpado, daquele que nos deixa exausto no segundo copo, não tem muito ibope. Em terras tão “calientes”, a saída é o frescor, a simplicidade, a leveza e até um toque de criatividade, como nesse blend que pouco se vê, de chardonnay com macabeo. Não [ Leia mais… ]
Vinho de taça premiado é coisa raríssima. Mas no Gajos d’Ouro, bem escolhidos que são pelo sommelier Lima, chegam com as melhores cotações. Este aqui, o Val da Ucha 2016, abocanhou 90 pontos da Revista Adega pela leveza, profundidade e a beleza de sua cor rubi. O curioso é que não temos um vinho [ Leia mais… ]
Secura do tanino jovem e de uma estrutura maior que a uva traz. É de se espantar que algo tão saboroso e profundo pudesse irritar tanto alguns representantes da realeza ao ponto de fazer com que a gamay fosse banida da Borgonha, em detrimento da pinot noir, que reina, desde então – a não ser, [ Leia mais… ]
Na Grécia, renovação é coisa séria. Se está lá um dos berços do vinhedo do Mediterrâneo, está lá também uma série de rótulos modernos. É o caso desse Cava (nada a ver com o espumante espanhol), da linha Amethystos, da Domaine Costa Lazaridi, com vinhedos de 30 anos. Está no Brasil pelo catálogo da [ Leia mais… ]
⠀⠀⠀⠀⠀ Falamos aqui de um dos vinhos da série Haut Peron, do rótulo Sauvignon Blanc. Uma ponta de marmelo, outra de pêssego e, para não dizer que não é um saugvignon blanc, uma pinceladade de alcachofra aqui e outra de pimentão ali. Mas o que vale é essa estrutura mineral, dura, quase salina da área [ Leia mais… ]