Solstício 2016

[21 jun 2022 | Pedro Mello e Souza | Sem comentários ]

Solstício 2016. Alegria alentejana cada vez mais solta. (Foto Pedro Mello e Souza)

 

Solstício 2016. Duas aulinhas sobre vinhos alentejanos em um vinhaço só. A primeira, sobre uma das expressões da moda, o “field blend”, mistura do campo, em tradução livre. Tão livre quanto os antigos produtores, que plantavam suas uvas, com o instinto e a experiência como partes de um terreno só, de onde saíam, todas juntas, direto para a vinificação.

 

Se o vinho era demais em algum ponto, como a acidez, ou de menos, como na cor, arrancavam e mudavam por outra, que a sabedoria daquele campo os ensinou e a seus pais e avós quais seriam. Um dos resultados está aí, nas mais de DEZ uvas em um corte só: alicante bouschet, trincadeira, aragonez, castelão, tinta de olho branco, grand noir, moreto e tinta grossa.

 

E ainda corropio, moscatel preto, tintas francesa e carvalha e outras de nomes igualmente adoráveis, como é tão comum nos campos vastos da literatura lusitana de campo. O resultado nos leva à segunda aulinha: a da fineza que a região de Portalegre, norte mais frio, mas que imprime alma quente, mais montanhoso, mais alto e mais altivo do Alentejo da Serra de São Mamede.

 

É uma região à parte, onde a acidez chega com refinamento, sem ângulos de amargores apenas delicados, sem as arestas de extrações e de barricas demais e sem o álcool e a fruta da maturação de menos. Surpresa do portfolio da Enoeventos, pinçada da produção pequena, de edição muito limitada, da Cabeças de Reguengo, palavra que significa, “pertencente ao rei”, literal e, como sugere o paladar do vinho, soberanamente.

 

Das 1.737 garrafas produzidas, esta da foto foi uma delas. Real como convém a um vinho de Portugal. É o Solstício 2016, do Alentejo, Portugal, celebrado durante o solstício de inverno 2020 do Rio de Janeiro, Brasil.