No último dia 6 de agosto, Andy Warhol completaria 85 anos. Mais ou menos na mesma data, um dos ícones de sua coleção – e da própria gastronomia -, a sua concepção da lata de sopa de tomate Campbell’s completa 45 anos. Jornalista adora data redondinha e quando a pauta também chega fechadinha, o orgasmo editorial é inevitável. Não sou exceção.
Especialmente agora, que a Perrier, fleugmática diante da exclusão da galeria de ícones que inspiraram o artista (em bebidas, só a Coca-Cola o foi), lança uma coleção de rótulos que relembram o traço serigráfico desse que, menos pintor e mais ilustrador, menos artista e mais publicitário, tornou-se uma influência do que entendemos como pop art. A ação traz um rastro de nobreza: a Dom Pérignon, que lançou uma coleção com a estética do designer, em idos de 2010.
Mas se a Coca-Cola esteve entre as fontes de inspiração do cara, é justo que a Perrier também esteja. Tem alcance, é referência, é marca de design, é chique – no desenho de Warhol, até a banana do disco do seu projeto musical, o Velvet Underground, tornou-se estampa de camisetas descoladas.
Formas de se pensar a respeito, há várias. Conjecturas, mais ainda. Em Warhol, a Perrier tem o alcance de uma Marlyn Monroe ou de uma Elizabeth Taylor; se Elvis não morreu, a Coca-Cola, também não. E, em uma época de republiquetas, a banana chegou tão prosaica e debochada no traço do artista quanto a referência (nunca uma homenagem) a personagens tão patéticos quanto Mao Tse Tung ou Mickey Mouse.