Cantinetta Antinori: modo de usar

[23 set 2013 | Pedro Mello e Souza | Sem comentários ]

 

Fraulein no ato do serviço, no Cantinetta Antinori (FOTO Pedro Mello e Souza)

Ano que vem, a Cantinetta Antinori de Zurique completa 20 anos. Uma criança, se compararmos com a crônica de sua grife de vinhedos centenários e de rótulos controversos e revolucionários. Ali, na Augustinergasse, tudo discreto: da fachada de sobriedade luterana às mesinhas do lado de fora, apesar de um mês de maio que ainda requer casaco. O ambiente é simples mas raçudo, de móveis bons, madeira firme como a de um pub irlandês, mas com o aplomb de um bar inglês. Serviço silencioso, impecável, sem o viço do conhecedor que trata o vinho – e sem os vícios de quem o maltrata.

 

Duas páginas, uma para os copos, outra para os pratos e mais copos, no mesmíssimo estilo que a casa mantém em outras sedes nobres: Viena, Florença e Moscou (ou Mosca, no próprio, posto que divertido, original italiano). Em qualquer uma delas, a chance de experimentar, em taça, alguns dos vinhos mais cobiçados do mundo: os Marchesi Antinori.

 

Nada de tubos olu máquinas: Tignanello 2008 veio na mão (FOTO Pedro Mello e Souza)

Abra com um copo (solitário, insisto: taça é para champanhe) do brunello Pian delle Vigne, siga com o Tignanello e, no fim, arremate com um Solaia. Como a atendente abre cada um dos três pelo menos uma hora antes, degusta-se em seu primor, do vinho que sai da garrfa em punho, não de um frigorífico entubado. Ir de um ao outro é uma experiência lúdica, que pode se transformar em vertical, se o cliente ficar no rótulo e alternar as safras. E elas há!

 

Desconfiado dos preços acessíveis, perguntei se não havia perda. Sem virar o rosto, com sorriso quase irônico, fraulein Bertha, a atendente respondeu ao ignorante: “sai tudo, não fica uma gota”. E me estendeu o melhor que se pode querer para acompanhar cada um dos copos: o pão denso, artesanal, e o azeite Peppoli – também da Antinori. No fim, também regiamente regado nas olivas do noso marchesi, uma salada caprese, mais uma que me faz descobrir que nunca tinha experimentado um tomate.

 

Salada Caprese, azeite Pèppoli, pra segurar a onda

 


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