De Roma, parte-se rumo ao leste. Em pouco mais de duas horas, chega-se ao outro litoral do país, o do Mar Tirreno, o mesmo que banha a badalação em torno de Veneza e do destino do momento, a Croácia. No caminho, as paisagens alternam-se em cenários inesperados: são penhascos vertiginosos e paisagens alpinas, a geometria dos vinhedos e a densidade das florestas, campos e campos de calma e isolamento. Esse é o Abruzzo, novo retiro de ricos e famosos, naturalistas e gourmets, que abre nova frente para uma região ainda desconhecida por aqui.
O lado pesqueiro dessa mesa está no frescor dos frutos do mar. De tão frescos, a maioria deles é prepara al crudo, em um estilo que lembra o do carpaccio, para os peixes, e do ceviche, para os crustáceos. Mas com técnicas que são inteiramente locais e originais, com as carnes curadas em frutas cítricas e muitas ervas. A brasa e a pedra quente são comuns na mesa do Abruzzo. Há massas exclusivas, mas os risotos são raros.
As caças são frequentes e os peixes de rio, abundantes, inclusive o esturjão, entre outros tipos que fazem um contraponto perfeito entre mar e montanha. Entre os vinhos, destaque para as uvas locais, como a faino, a cerasuolo e o já citado trebbiano, que podem ser degustados no local, em vinícolas modernas como a La Valentina, em que prova das safras mais recentes mostram a riqueza do copo na região.
Mais do que uma porta de entrada turística, a cozinha é uma vocação no Abruzzo, considerado, desde o início do século XX, um celeiro consistente dos melhores cozinheiros que a Itália já viu. E continua vendo, se considerarmos os quitutes que sobem como um antepasto, para equilibrar o belo vinho branco da região. Eu disse belo? Um dos ícones da área, o Trebbiano d’Abruzzo, do produtor Valentini, foi eleito o melhor vinho branco da Itália, pelo guia Gambero Rosso, o equivalente (para muitos, superior) ao Guia Michelin.