A rigor, termina neste fim de semana o São Paulo Burger Fest. Na prática, a coisa não é bem assim. Pelo que eu vejo no newsfeed de pessoas que eu sigo no Instagram, o festival começou muito antes de seu início oficial. E parece que, apesar das datas previstas para encerramento, não vai terminar nunca.É uma versão silenciosa, em farra particular, de deselegância nada discreta, como todo carnaval deveria ser.
Não importa se é segunda-feira ou domingo, a rede nos atormenta com um desfile de hambúrgueres paulistanos – sedutores, sensuais, lascivos, devassos, oferecidos, graças a fotos no melhor estilo porn food. Sigo pessoas que não admiro por ainda estarem sãs e salvas de tanto hambúrguer que degustam, como Ivan Marchetti, Fabio Moon e outros que, intimente (para minha alegria) ainda naõ conheço (para minha desgraça).
Em cada uma dessas imagens, há a tensão de um momento fascinante, o da primeira mordida. E o êxtase pós-satisfaction do último pedaço, que já se mastiga lentamente, com apenas uma distante expectativa: qual seria o próximo hambúrguer. Ou cheeseburguer, já que o original praticamente desapareceu sob camadas criativas de queijos e seus quejandos: guarnições, relishes, cole slaws, batatas fritas, a grandiosidade do foie gras e a moda da estação: o chutney. Z-Deli, Twelve Bistrô, Meats, La Grassa, Santo Grão e Parque São Lourenço, aqui ilustrados, integram essa minha onda de ansiedade
Devagar, o Rio começa a mostrar as suas caras sujas de ketchupe. Mas ainda em demonstrações tímidas, restrita a poucos corajosos, como o Pipo, o Bazzar e a Roberta Sudbrack, com suas leituras do wagyu. Ou o angus do T.T. Reserva ou do esquecido Joe & Leo’s, todos eles novos e velhos guerreiros contra os pobres similares de pacote, que povoavam B.B.s e Bibis, mas que começam a chegar com suas soluções com picanhas, fraldinhas e outros cortes bacanas.