Em dezembro, as dificuldades para se chegar à Cadeg se multiplicam. Natal gera histeria, que se potencializa com o calor, o congestionamento monstruoso e o longo garimpo por uma vaga. Volto no inverno. Enquanto isso, fica a experiência no Cantinho das Concertinas, em uma das últimas “ruas” do mercadão, de mesas já lotadas às 11 da manhã.
Com tudo isso, houve boa vontade com a mesa, conseguida com uma sutil dose de violência, com a cerveja quente, com a sardinha correta e com o bolinho de bacalhau grande como um limão siciliano. Não sei o que dá nessa gente pra gostar tanto de música ao vivo – e, pior, qualquer música.
O “vira” o ritmo festivo português, brejeiro e patético, começou a tocar 40 decibéis acima do rumor do beco, que já deixava qualquer conversa um passo atrás da compreensão. Com o aumento do volume de uma caixa de som já estourada, o ambiente passou a vibrar com a suavidade de uma esmirilhadeira.
A leitura labial foi a saída até a chegada do bacalhau. Quase cru, espinhento, seco. Não era acidente: as batatas ainda tinham a consistência de uma maçã, quase a mesma das cebolas, que, não sei se era o caso, mas não viram calor. De quente mesmo, só a nota: 280 reais. Preços populares? Vou seguir a dica de meu amigo Bruno: quer comer barato, vá a o Antiquarius.
Darei nova chance no inverno