O Pêra Manca é um daqueles vinhos estranhos, que desafiam o paladar em cada gole, em cada minuto de evolução, em cada grau de temperatura. E muda de copo pra copo. Há notas eruditas, mas vou ficar com um lado mais lúdico, com muitas lembranças de infância que nada têm com a evolução do paladar, como no caso do iodo, que me remete ao tombo na hora do pique. Há também milho, tanto o verde quanto o da pipoca. Mas como no copo, cada um vem na hora que quer, tomei uma providência.
A experiência: deixei esfriar um pouco além do ponto. Queria descobrir que minério era aquele, por trás dos aromas que abafei com o gelo. Era sal. Depois, a evolução dos lácteos, a revolução da manteiga – mas sem o déjà vu dos chardonnays. E um creme batido e queimado, um caramelo fechado com seu salzinho sempre lá. Abacaxi cozido, canela idem, dureza. estruturas, linhas retas, curvas amargas, Einstein puro (o que Niemeyer nunca entendeu), com as estranhezas que quebram as fronteiras dos estilos do Alentejo e de Portugal.
RÓTULO: Pêra Manca Banco 2010
PRODUTOR: Fundação Eugênio de Almeida (Cartuxa)
PAÍS: Portugal
REGIÃO: Évora, Alentejo
SUB-REGIÃO: Évora
CASTAS: Arinto e Antâo Vaz
ESTÁGIOS: Parte em aço, parte em carvalho francês, 9 meses em garrafa.
ÁLCOOL: 14%
QUEM TRAZ: Adega Alentejana