Sirizinhos, espetinhos, cocos, mates… quantos petiscos, gostosuras e delicadezas que encontrávamos na praia e que nos fizeram crescer fortes e vigorosos depois de anos de mar e areia, foram proscritos, coibidos ou, simplesmente, proibidos? Mas se ninguém passava mal na praia, passa bem agora, com o cardápio temperado com sal e manifesto do Bazzar, que vale por um resgate (não pela volta) dos quitutes dos tempos em que os cariocas eram livres.
Os formatos são criativos e divertidos. Começamos com a caipirinha de mate, que lembra a bebida, hoje extinta de nossa infância assistindo aquele bálsamo, de irresistível cor de geléia de mocotó, descendo, geladíssima, das torneiras suadas. Continuamos com o coco, com aquela carne deliciosa, hoje proibida sob o facão do moço do quiosque, que observávamos como quem venera um samurai. Agora, facão, só o do chef Claudio Freitas, que aproveita a consistência daquela geléia real do coco para criar um ceviche – e recriar uma ostra, que, se é proibida no Atlântico, ressurge como as mais finas do Pacífico. No molho, o leite do próprio coco.
A recordação segue com o caldinho de siri, que, remete às casquinhas, que, nas areias, nem pensar. A carne branca, fina, adocicada, vem com o caldinho rico, autêntico, com o paladar que sumiu da horta – em compansação, ganhamos copinhos de plásticos e láminas de alumínio. Mais lembrança com o espetinho de camarão, que o chef adoçou com os cubinhos de banana e o pirão de suruí, farinha finíssima do camarão defumado. Por fim, a memória dos sacolés chega na forma de sorbets – experimente o de manga, antes que proíbam, já que vem com coulis de cachaça 10 Vidas.
Por falar em proibição, há uma sequência deste post em Vai dar praia 2.