Degustação às cegas no Esplanada Grill, o sommelier Robson nos traz aquele copo preto. Matamos que era branco, que era fresco, imaginamos um espanhol fino. Quase. Era um chardonnay da Comtes de Largeril, produtor do Pays d’Oc, sul (e sol) da França. Mais do que surpresa no paladar, no bolso: 69 reais. Não é o único, mas um dos muitos vinhos de procedência nobre, de bom paladar, de guarnece bem o papo ou o petisco, especialmente os de lá. E olha que eu não pego leve.
Choraminguei para que o Roger me pedisse uma caixa. Pagaria valores, taxas, o que tivesse. Queria aquele vinho vibrante na categoria da moda, o drinkabikity, na minha mesa de Natal. Por coincidência, o Jorge Xavier, dono da recém inaugurada Beat Importadora, chamou a mim e ao Bruno Agostini para provarmos os recém chegados, em almoço no Quadrifoglio com outras duas figuraças na mesa, ambos do Fasano al Mare, o chef Paolo e o sommelier Edu, que deu dicas para o produtor e a importadora.
Antes de se falar em vinícola, fala-se em preços: nada como ser sócio de um escritório de Direito Tributário, que Jorge é, para otimizar os custos e permitir preços agressivos. Quanto aos Comtes de Lorgeril, um interessante jogo de contradições, com bases no início do século 17 comandada por garotos que mal passaram dos 17. Ou com châteaux espetaculares onde eles praticamente não existem mais; ou com altitudes diante do litoral.
O resultado, uma coleção com brancos e tintos frutados, rótulos estruturados, reservas estudadas e premiadas. Os frutados estão na linha de frente, com os varietais brancos (viognier e chardonnay) e tintos (merlot, syrah e cabernet sauvignon). E dois outros, em rumo de topo de qualquer gama: o branco Marquis de Pennautier, de altitude, e o Le Causse, da denominação Faugères.