EspetoHoje, os espetinhos japoneses, os yakitoris (焼鳥) estão em todos os cantos. Até naqueles réchauds baforentos de churrascarias e restaurantes a quilo (uma contradição em termos). Mas nos primeiros tempos do Azumi, ainda eram uma raridade com cara arqueológica e que despertavam reações sociológicas.Uma delas era essa aí, da foto, a de tentáculos de lulas, que a imprensa tratava como um misto de ícone da descoberta do fogo com o mocape de uma cenografia de Kurosawa. E, as moças, encaravam com o estarrecimento de quem abriu o crânio de uma galinha pintadinha.
E com uma certa razão, até, já que o autor Richard Hosking (A Dictionary of Japanese Food) cita os pardais (com cabeça e tudo) como uma das especialidades do gênero – hoje em desuso, mas ainda importante para explicar a origem da palavra: 焼鳥 significa, literalmente, espeto assado de pássaros. Atualmente, as galinhas são mais comuns, mas, convenhamos, com todo esses aditivos, anabolizantes, esteróides e amaciantes da carne, o frango que se usa aqui, no cotidiano, tornou-se tão ou mais distante de um passarinho do que a lula desse nosso espeto.