Gabriela Teixeira
Bottega del Vino
(da matéria Com que vinho eu vou?, publicada no Caderno ELA Gourmet, abril de 2014)
Cozido
Um tinto leve e fresco
Como o sal reforça os sabores, um vinho de muita estrutura e de muito sabor poderia sair prejudicado aqui. Para contrastar com a rusticidade dos embutidos, o ideal é uma bebida fresca, frutada, com uma acidez marcada e uma personalidade que chegue junto do prato. Aqui vão bem os barberas e dolcettos do Piemonte, com sua acidez pungente, um tempranillo jovem da Ribera del Duero ou de Castilla, a baga da Bairrada. Nos rótulos, vale a pena experimentar o Filipa Pato Baga ou Michele Chiarlo Barbera D’asti Le Orme. Ou ainda um Luciano Sandrone Dolcetto D’Alba. Mas, cuidado. Evite vinhos muito robustos, estruturados que brigariam com o sal dos embutidos nesse prato.
Acarajé completo
Espumante
Colocaria aqui um belo espumante nacional, da Serra Gaúcha, com sua acidez e valentia. Tem frescor e acidez, para quebrar a gordura do prato. A idéia aqui é que o gás carbônico e a acidez do espumante limpem as papilas da untuosidade e do forte sabor do dendê, para que cada pedaço seja profundamente apreciado. E já que é um prato tão brasileiro, vá de nacional: Adolfo Lona Brut Rosé ou o Marco Luigi Gran Reserva da Família Brut Rosé. E, com acarajé, evite sempre os tintos.
Bolinho de feijoada
Lambrusco
Aqui eu apostaria em um bom lambrusco, mas não esse doce e sem graça que recebemos por aqui por muitos anos, e sim aquele clássico frisante da Emilia-Romagna, seco, leve e despretensioso. Assim, ele cumpre vários papéis, primeiro, a simplicidade combina perfeitamente com a descontração de um bolinho de feijoada. Segundo, que seu frisante ajuda a limpar a gordura da fritura e terceiro, que seus aromas de frutas vermelhas e seu final de boca refrescante harmonizam perfeitamente com o sabor dos feijões e embutidos da receita. Duas sugestões de lambrusco: o Reggiano Concerto Medici Ermete ou o Grasparossa di Castelvetro.