Argiolas não é mais um ícone da Sardenha. Mas de toda a Itália. Nos brancos, com o fresco e mineral vermentino como nos tintos, com essa uva pouco badalada, arqueológica, rara e, por tudo isso entrando da moda dos fashionistas dos vinhos. É denso, de consistência frime mas não agressiva. E com um toque seco, erbáceo, rústico, mas aromático, tanto no nariz quanto na boca, quando revela seu lado “caliente” de frutas maduras, compotinhas e marmeladinhas. Acompanhou com dignidade o farfalle com ragu de bochecha de boi do Tre Bicchieri, do JK.
Falei em caliente de propósito, já que ampelógrafos como Galet e estudiosos como Vouillamoz, que abastece a über crítica Jancis Robinson, concordam com a origem espanhola. A inglesa fala em relação direta com a mission que desbravou a Costa Oeste dos Estados Unidos. O francês, com a relação direta com a Sardenha, em que, azedo, qualifica como vin ordinaire. Perdoável, já que ele, venerável e venerado por qualquer autor de respeito, estuda as vinhas mais pelas folhas do que pelas fruta.
E que, aos 93 anos, parece não se interessar pelas experiências que vinícolas tradicionais mas com pegada de vanguarda – mesmo uma centenária como a Argiolas – têm feito com uvas antigas, esquecidas, desprezadas e, em áreas áridas como a da Sardenha, condenadas à passificação a esmo. Mas vale, e muito, pelo nível de informação que parece ter de todo o universo das uvas, essa inclusive, denominada, segundo ele, pelos monges (monacos), com porta de entrada pelo porto sardo de Alghero.
Enfim, uma história nada ordinaire…
RÓTULO: Perdera Monica di Sardegna
PRODUTOR: Cantina Argiolas
REGIÃO: Sardenha
PAÍS: Italia
CORTE: Monica (90%), Carignano (5%), Bovale sardo (5%)
PRODUÇÃO: 400 mil garrafas
ESTÁGIO: 6 a 8 meses em barricas francesas de segundo uso e mais 3 meses em garrafa.
ÁLCOOL: 13,5%