Alegre, brilhante, esfuziante (justifico o entusiasmo mais abaixo). Esse é o resultado do uso da ancellotta, uma uva que os italianos trouxeram no início do século 19 e, lá, usam para fazer o lambrusco. Mas o espumante de lá torna-se o tinto daqui, um dos varietais da Dal Pizzol. Bela qualidade, com uma cor linda e aromas de uma complexidade interessantérrima. E com uma estrutura que segura até um prato mais forte, como um assado de molho consistente. Ou um queijo difícil de harmonizar, como um camembert.
Mas há uma dica que não podia ser mais brasileira. Segundo o sommelier João Souza, o Joãozinho, de tão fresca e perfumada, é uma uva que pode ser servida com feijoada. Sobre as vaariedades da Serra Gaúcha, ele destaca os aromas frutados e as notas de vinhos evoluídos, como o café. “É uma das uvas em ascensão no Brasil, e uma boa candidata a nossa variedade emblemática”, explica.
(Justifico aqui o meu entusiasmo quase juvenil no primeiro parágrafo: em 2006, fiz para o jornal do Herrmann Byron, em Florianópolis, uma coluna sobre gastronomia. A primeira nota enraiveceu alguns produtores que não entenderam uma brincadeira, que era o prólogo de um elogio ao Lote 43, da Miolo. Começava dizendo que, na época, franceses e brasileiros tinham um acordo comercial tácito – os brasileiros não fariam vinho; e os franceses não fariam cocada. E inverteria, dizendo que o jogo virava ali – e, pelo post acima, continua virando aqui)