Simpaticíssimo, bom cozinheiro, boa praça, bom de garfo e de copo. Sim, ele existe e chama-se Pedro Landim, jornalista de apetite aguçado para as notícias, especialmente as que chegam das cozinhas.
Em seu blog Boca no Mundo, no site do jornal O Dia, ele discursava incansavelmente sobre Portugal – madeira, vinhos e… bacalhau.
E iniciou, num belo momento da Páscoa de 2007, uma resenha divertidíssima sobre o livro Bacalhau – A história do peixe que mudou o mundo, de Mark Kurlansky, lançado em 2007 pela Nova Fronteira.
Dizia ele:
“As histórias e informações estão neste livro indispensável (…), Leia o livro, coma o peixe e entenda que não há exagero ou figura de linguagem no título.
Logo nas primeiras páginas, entendi por que fui enfeitiçado em Barcelona, numa ‘taberna basca’, por um naco de bacalhau imerso num azeite avermelhado que, fui descobrir depois, tratava-se do ‘bacalao a la vizcaína’, receita do século 19, criada por um povo que pode reivindicar para si o título de rei do bacalhau.
Imaginem: séculos antes de Colombo e Cabral levarem a culpa pelo descobrimento do novo continente, os misteriosos bascos, donos da língua mais antiga (e incompreensível) falada na Europa, habitantes de partes do norte da Espanha e do sudoeste da França, lançavam-se ao mar e pescavam bacalhau na costa da América do Norte.
E não estavam nem aí para reivindicar para si a terra descoberta. Apenas pescavam, em segredo, quantidades inenarráveis de bacalhau, e enriqueciam deixando o resto da Europa boquiaberta, sem saber de onde vinha o peixe que todos só encontravam no Mar do Norte, entre territórios congelados. Ele mesmo, o Gadus morhua, o célebre ‘bacalhau do Atlântico’.
Sendo assim, Boca no Mundo homenageia ao mesmo tempo bascos e norte-americanos, ‘cúmplices’ acidentais na biografia do peixe, e torna a Páscoa mais divertida com o adorável hambúrguer de bacalhau”.