Há quem diga que os “comedores de lótus”, de Homero, eram, na realidade, comedores de caqui. Para nós, que sempre associamos a origem da fruta à delicadeza dos jardins imperiais japonees, a distância para a Grécia Antiga é longa tanto no tempo quanto no espaço. Por aqui, chegou em fins do século 19, antes como curiosidade, mas, a partir dos anos 1920, como cultivo crescente, já nas mãos de agricultores japoneses.
Não é à toa que os nomes dos principais cultivares de caqui produzidos no maior produtor brasileiro, o Rio Grande do Sul são Fuyu e Kioto. O cultivar Fuyu produz frutos grandes e arredondados. A polpa é sempre não taninosa, firme, de coloração amarelada no início da maturação e alaranjada quando bem madura; pode ou não apresentar sementes. A qualidade é muito boa. O cultivar Kioto produz frutos de tamanho médio a grande, polpa tipo “chocolate” não taninosa e com sementes; sua produção é mais tardia que a do Fuyu e a aceitação pelos consumidores é muito boa.
Atualmente, os caquis andam bem suculentos. E deram um espetáculo nesse bellini, que o barman Rodolfo, do Bazzar, fez, em uma experiência. Pelo formato, penso que é a variedade original, mas já misturaram tanto a fruta por aí que nem se sabe mais se o que temos aqui é próximo do original japonês. Não provei muitos pelo mundo, mas sinto que se forem mais doces e intensos do que os nossos, estraga.