Essa é a matéria que a jornalista Luciana Fróes nos sugeriu para a edição da revista Magazine CasaShopping, que foi encartada na edição de 15 de abril, no jornal O Globo.
CACAU FINO
Chocolate brasileiro ganha o mundo – e faz o coração bater melhor
Luciana Fróes
A sabedoria comum ainda não entendeu: diz que ele engorda, dá espinhas e estraga os dentes. Ok. Mas a ciência moderna é claríssima: chocolate é nutritivo, tem mais antioxidantes do que uma taça de vinho tinto e ainda contém uma substância que dispara no corpo a mesma sensação estonteante de quando avistamos quem amamos. “Quando o bom chocolate atua plenamente, fica-se totalmente grogue”, atesta Chloë Doutre-Roussel, uma adorável choco-dependente – uma espécie de chocólatra com classe – figura-chave do também delicioso livro “Chocolate, uma saga agridoce preta e branca”, de Mort Rosenblum, livro editado no Brasil pela Rocco.
Durante quatro anos, o autor chocólatra (e vice-versa) mergulhou no mundo do chocolate, um negócio que movimenta hoje US$60 bilhões, fere suscetibilidade e aguça disputas acirradíssimas pelo título de melhor: Bélgica, Suíça, Itália, França ou Inglaterra?
Recentemente, uma notícia caiu como uma bomba – de chocolate, felizmente: na última edição do Salon du Chocolat, em Paris, o cacau brasileiro que cresce nas fazendas Leolinda e Uruçuba, em Ilhéus, Bahia, foi apontado por especialistas como o de melhor qualidade do evento (yes!!!). Para um país que já foi um dos maiores produtores de cacau do mundo; que nos anos 80 viu sua produção dizimada pela praga vassoura-de-bruxa; que por anos a fio amargou a péssima fama de produzir amêndoas de segunda, uma consagração desse teor tem gosto de festa. E, adianto, não foi por acaso: nos últimos cinco anos, esse quadro sombrio vem ganhando novos tons. E sabores. E entenda por isso chocolates mais amargos, como preferem chocólatras e chocolatiers mundo afora.
Nos áureos tempos do cacau brasileiro, só Ilhéus chegou a ter 500 mil hectares de frondosas e rentosas árvores de Pará, Prazinho e Maranhão, espécies de cacauzeiros típicas dessa região da Bahia. Hoje, são 150 mil hectares plantados, ou seja, 30% menos. Mas o que está frutificando ali é da melhor qualidade. “Cultivamos mais de 200 tipos de cacau diferentes, a maioria voltado para a confecção de chocolates finos, de qualidade”, conta João Tavares, da terceira geração de uma tradicional família de produtores de cacau.
Nós por aqui podemos não saber a quantas andam a qualidade de cacau “made in Brazil”, mas o métier (encabeçado por franceses e belgas) está inteiradíssimo sobre essa retomada brasileira no setor. Tanto que fazendas como Uruçuba, menos de uma hora de carro de Ihéus, já foi visitada por ilustres visitantes como os badaladíssimos chocolatiers Jeab-Paul Hévin e Pierre Hermé, os maiores nomes do momento. As mesmas amêndoas baianas (ou nibes, como são chamadas as amêndoas depois de torradas) servem de base para barras e bombons assinados por um outro mestre: o belga Pierre Marcolini, com várias lojas em Paris. Recentemente, a megamarca suíça Nespresso também passou a utilizar as nibes brasileiras para fazer o seu liquor, que é o ponto de partida para se fazer um chocolate de qualidade.
Mas bacana mesmo é a parceria do cacau brasileiro com a pâtissière Samantha Aquim. Há três anos, Samantha mergulhou fundo no mundo do chocolate, provou de tudo e de todos e resolveu verificar in loco: partiu para a Bahia para visitar plantações. Seu propósito? Fazer o seu próprio chocolate, do seu gosto. E não pense que é tarefa comum: poucos são os chocolatiers que fazem o seu próprio chocolate.
“A prática é comprar a massa do chocolate já processada e depois dar o seu tempero, formato, aromas…”, conta Samantha, que passou dois anos à procura da amêndoa perfeita para fazer o chocolate Q, lançado ano passado no mercado nacional.
Na sua composição, só usa grãos nacionais, de uma mesma safra e vindos de uma mesma fazenda, a Leolinda. Na primeira leva, foram apenas cinco sacas de amêndoas selecionadas uma por uma, todas perfeitas. O gostinho na boca? De banana, jaca, abacaxi, melão… “A gente não pode esquecer que cacau é uma fruta!”, lembra Samantha.
O charme do chocolate Aquim não para aí: a barra do chocolate foi desenhada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que imprimiu seu inconfundível traço: lembra uma chaise longue de chocolate. Pode ser mais chique? Mas o preço do Q não tem nada de doce, muito pelo contrário, talvez seja um dos mais caros do mundo. Coisa de R$ 1 mil o estojo numerado, com seis gavetinhas com blends diferentes.
Em fevereiro, uma pesquisa feita por cientistas ingleses, constatou que o chocolate excita mais do que um beijo apaixonado. O estudo é coisa séria, científica. Diversos casais participaram da pesquisa, em que tiveram eletrodos colados à cabeça e monitores cardíacos ligados ao tórax. Sua função era deixar que pedaços de chocolate preto, com 60% de cacau, derretessem na boca e em seguida se beijar com paixão.
Os resultados foram surpreendentes. O chocolate dobrou os batimentos cardíacos dos 12 voluntários, todos na faixa dos 20 anos, o que levou os cientistas britânicos a concluírem que a excitação provocada pelo chocolate é maior do que a gerada pelo beijo.
O segredo para potencializar os efeitos é deixar o chocolate derreter na boca, sem mastigá-lo.
Agora me diz, isso tem preço?
Sensacional ver que chocolate e arquitetura deram um par perfeito. E o conflito se forma, comer ou admirar?
Hummmm….
Achei sensacional, não só o design q arremete a brincadeiras com 1 barra de chocolate semi derretida, mas a simplicidade da forma, conforto e a aparente estabilidade seriam mais interessantes se (não pude comprovar pois internet é desprovida de odores)houvesse como ter uma experiência sensorial alida, com a adição ao verniz de óleo de cacau, para exalar um odor de chocolate e completar a experiência de se usufruir essa “espreguiçadeira”.