Há 80 anos, depois de sua visita a Nova York, Salvador Dali recebeu o pedido da revista American Weekly para desenhar algumas de suas impressões sobre a cidade. Entre as diversas elocubrações do artista catalão, “New York Dream – Man finds lobster in place of phone”. No texto, ele se pergunta: “Não entendo por que, quando peço uma lagosta, não me vem um telefone cozido”.
Provocado, um ano depois, pelo colecionador Edward Norton, criou “Lobster Telephone”. Das seis peças produzidas, as primeiras em gesso, uma está em exibição no Tate Modern, em Londres. Segundo a curadoria do museu inglês, a obra associa duas fixações que Dali considerava sexuais, o telefone e a lagosta, que, não por acaso, tem a posição de seus órgãos exatamente no bocal do aparelho.
O exemplar da foto acima pertence ao Tate Gallery. Outras dez cópias estão epalhadas mundo afora, em pontos tão distantes quanto Minneapolis, Edimburgo (o Scottish Gallery arrematou seu exemplar por 800 mil libras), Melbourne, Joanesburgo e, claro, Lisboa, ali no Centro Cultural de Belém. Os 80 anos da obra não inspiraram os museus a nada. Nem a um telefonema, sob o pedido de um lobster roll.