O dia do macaron

 

Anotem em seus molesquines, cravem em suas agendas, reservem seus lugares na executiva: no dia 20 de março do ano que vem, está confirmada a nova edição, em Nova York, do Macaron Day – ou Jour du Macaron, tal como o original criado pelo pâtissier Pierre Hermé para divulgar a iguaria, levá-las à competição com os simpáticos e decadentes cupcakes e ainda formar uma saborosa corrente de arrecadação, em esquema semelhante ao do McLanche Feliz, mas com elegância e aplomb.

 

O macaron é uma especialidade renascentista por excelência. Marca a fórmula como um ícone da fusão entre as técnicas arábicas, que dominavam os açúcares e as amêndoas, com a nascente confeitaria francesa, que a ligou às gemas de ovos, a coloriu e descobriu o formato e o ponto do forno que as tornasse crocante por fora e untuosa (moelleuse) por dentro. Coube a Rabelais, no Livro 4 de seu desagradável mas satírico personagem Gargantua, em 1552, citá-lo pela primeira vez como “petite patisserie ronde aux amandes”.

 

Em Paris, a iniciativa de Hermé atraiu outros astros da delicadeza, como Sadaharu Aoki, Laurent Duchêne, Jean-Paul Hévin e Arnaud Larher, desde o lançamento da idéia, em 2005. A brincadeira deu certo graças a um gimmick bem óbvio: quem chegasse e pedisse um só, levava. Mas a pergunta é cruel: levava só um? Claro que não. Dezena era a unidade mínima…

 

Nesse espírito, François Payard adotou a idéia de Harmé e levou a jogada para Nova York há dois anos. Mas a intenção junto aos americanos foi mais séria e objetiva: parte da renda dos macarons daquele dia serie revertida à organização City Harvest, destinada à colheita de alimentos para abrigados e homeless, especialmente nesse momento de crise.

 

A etapa de Nova York contou com a doce presença de nomes como a Macaron Café e a Maison du Chocolat, ambos na Madison Ave.; as Jacques Torres da Hudson Ave. e do Rockefeller Center; o Butterfield Market, na Lexington; o François Chocolat Bar, na West 58th; a Bouchon Bakery, na Columbus, o Georgia’s Café & Bakery, na Broadway. E, claro, a François Payard, na Houston Street.

 

Se depender dessa editoria, a iniciativa chega ao Rio em 2012. Aguardando adesões, um delas a que seria um dos carros-chefe de uma possível Macaron in Rio (ou MacaRio), a do Pré Catelan, da foto abaixo.