Até quarta-feira passada, achei que Deus fosse dez. Mas não: é onze.
Oficialmente 11,5% – não de dízimo, mas de graduação alcoólica de uma cerveja ex-quisitum. DeuS (assim mesmo, com S maiúsculo) é belga de nascença e trapista na concepção; francesa na maturidade e champagnarde no pedigree. E é uma das estrelas do cardápio de cervejas que o restaurante Bazzar leva ao ar a partir de 6 de junho, uma das harmonizações mais sérias que já experimentei – e que merecerá post à parte.
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O capítulo de Deus nesse cardápio exigiu uma companhia dramática, a de uma polenta rústica, ainda grumosa (Claudio é um craque), com queijo Saint-Agur, nozes, um fio de azeite e um ovo caipira frito à perfeição. Harmonia tão ousada quanto apropriada para a complexidade da cerveja que escoltou. Não disse que o cardápio era sério?
DeuS chegou até nós como convém, em uma flute de champanhe. Não por extravagância, mas por indicação do produtor, que a submete a dupla fermentação sob o frio de Bosteels, na Bélgica flamenga, antes de levar seus barris à região de Champagne, onde será engarrafada e submetida a novos levedos, dessa vez sob o método champenois.
Já na taça, temos uma bebida levemente turva, perolada, como convém a uma cerveja de levedos ainda vivos. A espuma e o perlage não desmentem o estágio no pays de Champagne. No nariz, o aroma sabe mais o vinho, com os sais de levedos. Na boca, mais levedos, estes amendoados, mas com notinhas de laranjas e maçãs. E uma acidez profissional, uma boca cheia e uma estrutura que traz o que, a meu ver, é a mágica maior dessa cerveja: não revela seu álcool, o dobro da média, e que se tornaria enjoativo em qualquer outro rótulo.
Está criado assim o brut de Flandres, primeiro e, até aqui, único no gênero. “As grandes cervejas podem até tentar se aproximar de DeuS, mas nenhuma consegue alcançá-lo”, disse o uber crítico inglês Michael Jackson, sem qualquer intenção de fazer trocadilho.
Em tempo 1: odeio escrever nomes, mesmo próprios, fora das normas de ortografia. Mas DeuS merece.
Em tempo 2: a foto da polenta foi mega roubada do mega parceiro Bruno Agostini.
DeuS que me desculpe. Enquanto é 11,5, você é mil! Valeu!!! bj
Caríssimo Pedrão, Mauro já havia me falado a respeito do Talheres Cheguei, mas ao vermos, adoramos 100%. Embora não seja um connoisseur como você, sou obrigado a dizer, que o Talheres Cheguei é uma deliciosa degustação on line.
Um grande abraço,
Denilson e Lyane.
Honradíssimo, Denílson. Beijão pra você e Lyane.