A glória do caju

[18 jul 2011 | Pedro Mello e Souza | Sem comentários ]

Ou acaju, ambos derivados do tupi “akayu” que definiria a temporada de frutificação e colheita a fruta suculenta, de sabor travado e riquíssima em vitamina C.

 

Na comunidade científica, é reconhecido como Anacardium occidentale e colocado na mesma família de outras frutas de sabor brasileiro, como o taperebá, o umbu, o cajá e, claro, o umbu-cajá.

 

A polpa, que nada é além do que um pedúnculo para a verdadeira fruta, que é a castanha, é a matriz para sucos industriais, doces artesanais, como o cajuzinho e aquilo que parece ter se tornado a sua vocação natural neste novo século dominado pelos bartenders: os drinques.

 

É o caso desse belo conjunto da foto ao lado, flagrado no Esplanada Grill, instantes antes de se imolar à glória da caipirinha.

 

Assada, a castanha torna-se uma pequena iguaria, que supera quelquer noz como tira-gosto no bar vem concorrendo com todas elas em receitas das novas tendências da cozinha internacional. Nas culturas afros, a folha do cajueiro é considerada sagrada e usada em rituais bantus e quimbundos, nos quais é conhecida como ‘mukaju’.

 

É uma fruta típica do norte do Brasil e sua denominação remonta à segunda metade do século XVII. Em 1627, o frei Vicente de Salvador assim descreveu o caju, em seu trabalho “Descobrimento do Brasil”:

 

“São como verdiais, mas de mais sumo, os quais se colhem no mês de dezembro em muita quantidade, e os estimam tanto, que aquele mês não querem outro mantimento, bebida ou regalo, porque eles lhes servem de fruta, o sumo de vinho, e de pão lhes servem umas castanhas, que vem pegadas a esta fruta, que também as mulheres brancas prezam muito, e secas as guardam todo o ano em casa para fazerem maçapães e outros doces, como de amêndoas; e dá goma como a Arábia.”

 

Atualmente, o caju é colhido em praticamente todas as áreas da antiga influência portuguesa, que inclui a África (Angola e Moçambique), a região de Goa, Damão, Diu e ao longo de Kerala, na Índia. Piauí, Rio Grande do Norte e, principalmente, o Ceará, são os principais produtores brasileiros de caju e colocam a safra brasileira entre as quatro maiores do mundo, atrás de Vietnã, Nigéria e Índia, líder mundial.

 

Entre as especialidades internacionais à base do caju e de sua castanha, destacam-se o ‘yao guo ji ding’, que os restaurantes chineses imortalizaram como ‘frango xadrez’. E o ‘feni’, distilado da polpa, que tornou-se a bebida-símbolo de Goa.

 

 

 


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