Quando lançou o romance “O Cortiço”, em 1890, Aluísio de Azevedo levou ao público um retrato em cores bem vivas do estilo de vida do carioca da época. Em uma das tintas de sua paleta, os hábitos alimentares de seus personagens. E em um deles, o luso Jerônimo, o desenho do que foi a a metamorfose do que era hábito português em sua nova identidade tropical:
“E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão português: e Jerônimo abrasileirou-se. A sua casa perdeu aquele ar sombrio e concentrado que a entristecia; já apareciam por lá alguns companheiros de estalagem, para dar dois dedos de palestra nas horas de descanso, e aos domingos reunia-se gente para o jantar. A revolução afinal foi completa: a aguardente de cana substituiu o vinho; a farinha de mandioca sucedeu à broa; a carne-seca e o feijão-preto ao bacalhau com batatas e cebolas cozidas; a pimenta-malagueta e a pimenta-de-cheiro invadiram vitoriosamente a sua mesa; o caldo verde, a açorda e o caldo de unto foram repelidos pelos ruivos e gostosos quitutes baianos, pela muqueca, pelo vatapá e pelo caruru; a couve à mineira destronou a couve à portuguesa; o pirão de fubá ao pão de rala, e, desde que o café encheu a casa com o seu aroma quente, Jerônimo principiou a achar graça no cheiro do fumo e não tardou a fumar também com os amigos.”
Carne seca à Nossa Moda
Carlos Perico
Ingredientes:
½ quilo de carne seca
cebola cortada em juliana
400g de abóbora já cozida
2 colheres de azeite
salsa e sal q.b.
Modo de preparo:
Escaldar a carne seca até sair todo o sal e desfiá-la.
Refogue em uma frigideira com a cebola juliana e duas colheres de sopa de azeite.
Salpíque com salsa.
Em outra frigideira, coloque o resto do azeite
Doure um pouco de cebola e junte com a abóbora cozida, sal e mais salsa picada.
Refogue tudo.
Sirva com arroz, farofa e caldinho de feijão.