Era dezembro e nevava. Mas não procurava calores. A curiosidade de quem gosta de comer vai fundo. Literalmente, às vezes. E pode mergulhar no oceano mais gelado atrás do aroma diferente que as águas de outras costas – ou de outros hemisférios – podem trazer ao paladar. Por isso, não tive dúvidas e encarei a pratada de ostras que o Balthazar anunciava, com destaque para a sua origem: Wallfleet.
É uma das variedades de ostra de concha longa (Crassostrea virginica) e, garantem os locais, diferenciada das já festejadas Malpeque e Blue Point, que são cultivadas nas mesmas vizinhanças de Cape Cod, mas sem a exposição de certa intensidade – e temperatura, e salinidade, e concentração de algas – das marés quase sempre cinzentas de Massachussetts. Um festival em torno da denominação é celebrado sempre por volta do dia 15 de outubro.
Eram abertas (shucked) no bar, com unção extrema, para que as águas de cada concha fossem poupadas e mantida como um tempero próprio. O prato à parte, com os limões cortados, foram colocados timidamente na mesa, mais de um nervoso minuto depois. Quando um dos comensais ensaiou o crime de espremer um deles, naquele movimento giratório, o garçom, do canto do bar, atento, sugeriu que experimentássemos sem o limão.
Experimentamos. Uma, outra, todas. Sem tocar no limão.
Suaves, de finíssimo travo mineral, seriam arrasadas pela acidez, mesmo a mais branda, do limão siciliano. Cremosa mas não corredia, refrescante sem ser gelada, foi par perfeito com outra sugestão do bar – não um sauternes ou um chablis, mas uma tiragem especial de Natal daquela que, para mim, é a melhor cerveja comercial que existe: a Samuel Adams.
você já leu o livro A Grande Ostra de Mark Kurlansky? Muito bom. Aprendi bastante.
hmmmmm!!! Salivei!