Ainda não li ou folheei. Mas, de cara, não entendi bem quando vi que o crédito do jornalista Bruno Agostini foi somente o de “organizador”. E que sequer está na capa. A bem da verdade, é bom que se saiba que a pessoa que autografou o Guia do Sabor Carioca, no último dia 15 de dezembro, não só esteve em todos os restaurantes listados – anonimamente, vale registrar – como foi o redator de cada uma das resenhas e autor do trabalho exaustivo de colher as minuciosas informações de cada casa (horários, telefones, cartões que sempre mudam, um saco!) e demais detalhes que fazem dele, senão o autor da idéia, o autor da obra.
E foi também um exercício de alguém que já freqüenta restaurantes desde cedo, antes na companhia do pai, outras já com a precoce cumplicidade da filha Maria, com a gana do apuro, com o olho (e foco, – Bruno é excelente fotógrafo) na aparência e faro jornalístico nos aromas e sabores. Já vi livros em que os verdadeiros autores são colocados com essa suspeita pecha de coadjuvante. Os maiores podem até sugerir a condição por grandeza, quando seus textos se misturam a outros, como os de Massimo Montanari, que chama para a importância das monografias que publica, de seus alunos. Ou no caso de um maestro como Mstislav Rostropovitch, que, com sua gigantesca personalidade, exigiu que fosse o quarto violoncelo na chamada do CD de um quarteto de Vivaldi, valorizando os outros músicos que o acompanharam.
Mas não é o caso. O fardo do conteúdo foi todo o de Bruno Agostini. Repito, não li, mas a opção de omiti-lo, por quem publicou o livro, me chamou a atenção. Mas nada disso tira o mérito de um dos poucos no Rio – quiçá no Brasil – a merecer o crédito como o nosso orgulho espera. Teria sido a juventude do autor? Ou a autoridade em gastronomia só se adquire com a idade decana? Nada disso importa quando a atuação do autor, que eu conheço bem, é, nesse caso, muito mais a de reportar, mas a de carregar consigo a responsabilidade de avaliar o presente da restauração carioca, mas também o peso do seu futuro. Mas o que importa é que teremos a crítica como convém, aquela que informa, indica e orienta, mas sem conduzir (ou, pior, induzir) jamais.
Meu camarada, saudades tuas.
Só uma observação. Estive, sim, em todos os lugares indicados. Dos que não conhecia, recebi uma verba para ir visitá-los, e fiz isso anonimamante. Mas há lugares, muito poucos, em que jamais estive nessa condição, como o Oro, onde jantei umas cinco ou seis vezes, ora convidado por eles, ora em eventos relacionados ao vinho. Não me lembro de outro, mas é possível que haja. Grande abraço
ah, sim: e a Aline Duque Erthal me ajudou como uma anja a fazer o livro, colhendo informações e cuidando do serviço. Grande Aline!
Dizer o quê? Sou fã do autor desse post e fã do autor do guia.
Mas e agora, já leu?
🙂 abração