Experimentei uma das 15 mil garrafas que o produtor Basilisico produziu, em 2006, do rótulo roxo de seu Agliano del Vulture. Era um dos que Hugh Johnson indicava para a denominação – e que Oz Clarke continua chancelando. E um dos detentores de prêmios como o Tre Bicchieri, do guia Gambero Rosso.
No nariz, abre com frutas muito frescas – de amoras a ameixas. Na boca, começa sanguíneo, carnudo e com taninos ainda muito frescos, guarnecidos com alguma erva, talvez uma consequência da maturação tardia dessa uva, nas altitudes.
Esganado que sou, não segui a sugestão do enólogo, de decantar o vinho, para que a acidez (pouca) se manifestasse e desse mais estrutura a um vinho que, pelas características, merece guarda. Prometo que deixo reservado o próximo que eu der de cara.
Mesmo sem esse tratamento, evolução seguiu com as compotas de frutas e a manifestação de um leve toque defumado, que remete ao terroir vulcânico em que a fruta é cultivada. É um solo de belos tons brancos, resultados de cinzas de antigas erupções – o Vulture está extinto – e que se submete a invernos nevados e verões mais temperados do que sugere a sua latitude.
Como o vinhedo é todo situado na vertente leste do vulcão, as plantas recebem toda a exposição matinal do sol, mais gentil do que a do entardecer, quando o solo já está quente.
A madeira é elegantíssima e não interfere como nos vinhos ao qual o brasileiro se acostumou, ditos “modernos”, com baunilhas que doem na têmpora. O produtor declara um produto complexo na maturação: 18 meses em barricas de carvalhofrancês de 225 litros(1/3) e 500 litros (2/3).
Massas e carnes brancas para os mais leves, caças para os mais idosos. Preço sugerido pela Decanter, que importa o vinho, R$ 195
Localização dos vinhedos de Basilisco, na encosta leste do vulcão Vulture, em Basilicata (Imagem: Google Earth)
