Carta para Sicilia

[20 mar 2012 | Pedro Mello e Souza | 2 comentários ]

Nozze d Oro (Foto: Cristiana Beltrão)

 

 

Fiano, inzolia, carricante, nero d’avola, nerello mascalese. Cinco uvas pouco conhecidas, mas que integram o corte de cinco vinhos cada vez mais famosos, medalhados e bem pontuados.

 

Da Planeta (uma das vinícolas da moda), à Tenuta dela Terre Nere, (que denuncia o solo vulcânico do Etna), passando por dois rótulos da Tasca d’Almerita e da Donnafugata, encantos dos críticos Robert Parker e Jancis Robinson.

 

E o resultado é uma seleção exclusivíssima de brancos e tintos sicilianos, que chega a Ipanema através da carta de vinhos do Bazzar, escolhidos por Cristiana Beltrão, que acaba de voltar da região, onde provou – e aprovou uns, e reprovou vários – para chegar a cada um dos escolhidos.

 

 

 

Sobre os vinhos em cartaz, na redação da própria Cristiana:

 

 

Cometa Bianco 2008 [branco]

[Planeta]

Com 3 bicchieri (a cotação máxima) no guia Gambero Rosso, este vinho, feito 100% com a uva fiano, tem aromas bem tropicais, de mel, manga madura, abacaxi e final levemente trufado. A Planeta é uma vinícola relativamente nova, fundada nos anos 90 e tem recebido vários elogios da crítica especializada.

 

Nozze d’Oro 2009 [branco]

[Tasca d’ Almerita]

Esse vinho encantador e talvez o mais romântico de nossa carta, foi criado em 1985 pelo Conde Giuseppe, proprietário da vinícola, por ocasião de suas Bodas de Ouro (daí o nome). É dedicado à sua esposa Franca “com amor imenso”. Obteve 89 pontos na Wine Spectator e 90 pontos no Robert Parker. Tem fundo mineral e nariz frutado com toques de abacaxi, melão e mel. É feito com a uva local chamada inzolia (78%) e os 22% restantes são feitos com uma clone da sauvignon blanc, a Sauvignon Tasca. Tem estrutura pra ser bebido até 2015. E longa vida ao casal!

 

Etna Bianco Pietramarina 2003 [branco]

[Benanti]

Fabricado inteiramente com a uva local carricante, de vinhedos de 80 anos de idade, esse exemplar bastante original traz na boca o seu nome: “pietramarina”. Seu sabor é um verdadeiro mergulho no mar, em meio a pedras marinhas, com toque cítrico e fruta adorável. Tem a assinatura do respeitado enólogo Salvo Foti e 91 pontos no Robert Parker.

 

Mille e Una Notte 2005 [tinto]

[Donnafugata]

Adoro os rótulos da Donnafugata. A idéia é de que o artista convidado a criar o rótulo represente a “alma” do vinho. Tem garrafas com anjos, Sherazade e, neste caso, uma representação das Mil e Uma Noites. Sua tradução na boca é de flores, especiarias, aromas terrosos e muita amora preta. Produzido com a nero d’avola, uva siciliana de maior projeção mundial, obteve a dificílima cotação de 17+/20 de Jancis Robinson e 90 pontos no Robert Parker.

 

Etna Rosso Prephylloxera – “La Vigna di Don Peppino” – [tinto]

[Tenuta delle Terre Nere]

A cratera que fica a mais de três mil metros de altura me espiava da janela do hotel apontando minha absoluta insignificância. Plantar vinhos num vulcão não é tarefa para investidores, e sim, para apaixonados. Com uma breve mudança de humor, lá se vão plantações, pesquisas e vidas. Mas a tentação é inevitável e, apesar do dialeto local que diz “Si nun ti voi abbruciari nun ti mettiri accantu a lu focu” (se não quer se queimar, não chegue perto do fogo), a região mais promissora da atualidade é disputadíssima pelos viticultores sicilianos. Os vinhedos são os mais altos da Europa. Seus vinhos, feitos em geral com as uvas nerello mascalese e nerello cappuccio, rainhas do Etna, são constantemente equiparados aos melhores pinots da Borgonha. E com uma vantagem: são vinhas do fim do século XIX, originais de uma época pré-filoxera, a praga que devastou as uvas de praticamente todos os solos – menos o vulcânico, o que reforça o poder dessa enorme massa de terra. Obteve a cotação máxima (3 bicchieri) do Gambero Rosso e 5 grappoli – também máxima – do Guia Duemilavini 2012.

 

 

 

 


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Depoimentos

  1. Oscar Daudt disse:

    Li e gostei…