É grande, o Pierre Galet, enólogo, ampelógrafo, autor de obras de referência para o mundo dos vinhos, como o Dictionnaire Encyclopédique des Cépages. Mas seu compêndio pode estar precisando de atualização. Em seu verbete sobre a uva branca peverella, ele fala na cepa desqualificada para os vinhos do Trentino e de sua denominação alternativa pfeffertraube (grão de pimenta) – e ainda na produção de vinhos medíocres. Talvez Mr. Galet devesse experimentar as experiências mais recentes com a uva, especialmente as que chegam na forma de rótulos brasileiros como os da Cattacini e da Era dos Ventos.
No primeiro, prevalece a fruta que a uva – uma das mais plantadas do Brasil, na época em que a família Dreher trouxe as primeiras mudas – confere ao tratamento do vinho para uma bebida mais fresca, mas com dois meses e meio em carvalho francês para arredondar e dar estrutura, segundo revela o négociant Luiz Carlos Cattacini Gelli. No segundo, o grande barato da oxidação que vem fazendo sucesso em vinhos nobres como os Gravner. O que pode soar como novidade já era, na realidade, uma revelação em rodas de degustação na França. E uma expectativa entre os especialistas brasileiros.