PERFIL GASTRONÔMICO
LEO JAIME
Os itens e os hábitos que integram o paladar de um personagem tão atuante nas artes – inclusive a da mesa
Laura Cavallieri
Leo Jaime nunca esteve tão presente na mídia quanto atualmente. Basta zapear o controle da televisão por alguns minutos para se deparar com o semblante sempre risonho e as tiradas adoráveis desse artista multifuncional. À frente de algumas das atrações mais comentadas da televisão brasileira, Leo curte a boa fase fazendo o que mais gosta: soltando o verbo. Seja cantando nas madrugadas no palco do Amor e Sexo, na Globo; atuando no seriado teen Malhação; confabulando sobre assuntos femininos no sofá do Saia Justa, no GNT; ou ainda comandando uma animada gincana entre casais, no reality show Detox do Amor, o ator-cantor-compositor-jornalista ainda arruma tempo para comer, e muito bem.
Gastrônomo assumido, circula com desenvoltura do boteco ao cinco estrelas sem deixar de lado o gosto pela comidinha caseira. Seu respeito e conhecimento pela comida garantiram participação como membro honorário na Confraria Opaboca ao lado de nomes como Vanda Klabin, Antonio Bernardo, Betty Lago e a chef Roberta Sudbrack. Roberta, inclusive, é apontada por Leo como uma de suas preferidas. Para Leo, a comida não se restringe a matar a fome. É ingrediente fundamental para compartilhar bons momentos e já foi usada como crítica social. No álbum Sessão da Tarde, lançado em 1985, sua música “O Regime (que não dá satisfação)” deixava clara sua posição sobre a ditadura:
“O cara gasta uma fortuna pra engordar
Champagne, lesma, camarão e caviar
Manhã seguinte tem ressaca e depressão
Porque a barriga cresce junto com a inflação
O problema é o regime
Que não dá satisfação”
Hoje, já sem motivos para deixar de lado os prazeres gourmets, Leo se entrega sem culpa aos ingredientes e assume: “Adoro!”.
Qual o sabor da sua infância?
Pão francês torrado direto no fogão, gemada, castelona de porco frita (as menores) com aipim cozido, arroz Maria Isabel, pamonha, pequi, coisas de Goiás.
Que prato harmoniza com um bom rock’n’roll?
Buffalo Wings com cerveja Rolling Rock.
O que já perdeu a graça na atual gastronomia?
Rúcula, tomate seco, salmão grelhado, comida pré-fabricada, molho em excesso e enfeites de pratos que não podem ser comidos.
Qual a sua receita para o dia seguinte, após uma orgia gastronômica?
Tem um remédio na França chamado Oxyboldine que é um espetáculo.
Quando acorda no meio da noite com aquela larica, o que come?
Gosto de tomar um copo de leite gelado. Para dar um pouco mais de sabor eu acrescento duas colheres de sopa de leite em pó.
Ainda está tentando entrar para a confraria OpaBoca?
Sou um membro honorário, o que muito me honra. Não sei se é possível entrar em definitivo para tão seleta sociedade, mas participar mesmo que eventualmente é extraordinário!
Se fosse criar a sua própria confraria, quais seriam as regras?
Não sou muito bom para criar regras. Talvez exigir que todos fossem Opabocas!
O que já comeu de mais inusitado?
Cabelo de milho marinado.
Tem alergia a algum ingrediente?
A música alta, restaurante muito escuro ou barulhento e a burrice.
E aversão?
Tripas, cérebro e afins. Não sou muito interessado em escorpião, olho de bicho ou coisas do gênero.
Qual é a melhor bebida para acompanhar o amor? E para o sexo?
Vinho tinto para o amor e saquê ou champanhe para o sexo.
Se comer não engordasse, o que comeria todos os dias?
Coisas que adoro, porém sem exagero ou comedimento.
Qual o seu “top 5” dos restaurantes brasileiros?
Roberta Sudbrack (Rio de Janeiro), Varanda (São Paulo), Maní (São Paulo), Olympe (Rio de Janeiro) e Paraíso Tropical (Salvador).
Pequenas preferências para grandes paladares:
“O” pastel: da feira.
“O” arroz: arroz maluco do Esplanada Grill ou do Prado, são ótimos!
“O” chope: preto da Brahma.
“A” cerveja: gosto mais das belgas, mas não sou um entusiasta.
Um vinho branco: Roero Arneis, Lá Vignée Bourgogne.
Um vinho tinto: Chateau Kirwan, L’Apparita Castello Di Amma.
Uma fruta: lichia.
Uma pimenta: dedo de moça.
Um embutido: Presunto de Parma.
Um queijo: meia-cura da Serra da Canastra ou o minas frescal feito no dia.
O café da manhã perfeito: em alguma pousada na Provence ou no Parador Lumiar, em Nova Friburgo.
Para meter o pé na jaca: Braseiro da Gávea, no Rio, ou o Nutreal, em Belo Horizonte.
Para um almoço de domingo com a família: carne assada na Pousada Alcobaça, em Petrópolis.
Para comer na praia: Biscoito Globo e Mate Leão.
Para cozinhar para a mulher: farofa, picanha no forno e batata corada.
Para dividir com o filho: picolé Itália, suco de açaí e pipoca do papai.
Para não dividir com ninguém: o bomboloni da Roberta Sudbrack.
Qual a sua opinião sobre:
Café descafeinado: adoro o da Nespresso.
Esferas e espumas: efeitos especiais não são protagonistas, mas podem compor a cena.
Azeite trufado: desconfio.
Refrigerante light: Podendo evitar é muito bom.
Degustação às cegas: aventura.
“Champagne, lesma, camarão e caviar”: – escrevi a música “O Regime (que não dá satisfação)” na época da ditadura. Hoje, adoro!
Pedro parabéns ….esse blog está cada vez mais incrivel. Matéria maravilhosa da Laura/Leo Jaime!!!
Um bj,
BTTT