St. Barths: séjour na mesa

[29 out 2012 | Pedro Mello e Souza | Sem comentários ]

Como entrada, o restaurante L'Isola

 

 

O SABOR DE ST. BARTS

Três sugestões de restaurantes que unem o simples e o refinado em um dos paraísos mais procurados do momento

 

Elisa Marcolini

 

Não é de hoje que as Antilhas revelam paraísos em seqüência, em um rosário de praias brancas, águas claras, céu e mar muito azuis e um sol sorridente. A cada ano, uma novidade.

 

Mas há um ponto que se tornou um referência que não desiste de ser moda: a ilha francesa de Saint Barthélémy, a St. Barths, para os íntimos, todos eles membros de carteira de um jet set internacional que não envelhece e se mantém juvenil, especialmente em um dos temas que mais se aquecem na região: a gastronomia.

 

Contemporâneas ou tradicionais, as opções se revelam aos paladares treinados, como o da jornalista Elisa Marcolini, que traz um roteiro da fornada mais refinada dos restaurantes da região.

 

 

 

L’ISOLA

 

O restaurante está na rua de trás do porto de Gustavia, bem no finalzinho. Quem passa pelo local, não vai dar nada por ele. Ao lado, um restaurante vietnamita que só piora a situação. Mas, como tudo na vida, as aparências enganam, pois o restaurante L’Isola (ilha, em italiano) é único na região, seja pela equipe de Fabrizio Bianconi e de seu chef Giampaolo Pintore, seja pela mesa de primeira e o calor humano, o astral e a decoração simples mas chique, como só um latino pode proporcionar. Musica gostosa com mistura de francesa, bossa nova das melhores e até uma seleção do italianíssimo Paolo Conte. Na mesa ao lado, Nelson Piquet e família. Ao redor, muitas nacionalidades e todos, sem exceção, eram chiques e lindos.

 

No cardápio, entradas e pratos criativos, simples e ultra saborosos. De cara, tudo é italiano, especialmente os ingredientes, o que faz toda a diferença. Na entrada, cogumelo portobello grelhado com rúcula frita no azeite, bem sequinha, e lascas de queijo grana padano. Gemi de prazer. Depois um simples espaguete com botarga de mugine – as ovas secas e salgadas da tainha. O marido pediu uma burrata que deixava claro que menos é sempre mais, pois era muito simples mas com todo o sabor. Agora como você esta em casa italiana uma vitela à milanesa com osso , seca, crocante com salada daquele tomate que dissolve na boca, com rúcula e um azeite toscano.

 

Para continuar, e sem culpa, pois isso não é palavra que se aprende na mesa italiana, pedi uma sobremesa de creme de amareto com os verdadeiros amaretos também ao lado. Uma perdição. Acompanhando toda esta delicia, um belo Sassicaia 2004 que aconselho. Para arrematar , na saída, o garçon me proporcionou talvez o melhor prazer da noite, ao gritar: -Ciao, Bella!

 

 

Gustavia 0590 51 00 05

Rue du Roi Oscar II –

97133 Saint –Bathelemy

 

 

 

BARTÔ

 

Fui duas vezes ao Bartô. É um dos melhores restaurantes da ilha, e fica no Hotel Guanahani em Grand-Cul-de-Sac, no litoral leste de St. Barths. No comando, os chefs Philippe Masseglia e Nicola de Marchi. Eles me serviram nhoque de beterrabas com aipo, mexilhão e lagostins. Era muito gostoso, mas o nhoque, na verdade era um quenele de purê de beterraba, estava gostoso, mas eu imaginava outra coisa.

 

O serviço do caviar oscetra veio refinado: claras de ovos cozidos cortadas bem pequenas, formatada num retângulo. Sobre ela. Um creme de alcaparra, depois gema cortada e, acima, o caviar. Estava bom, mas faço a ressalva que eu considero a alcaparra um elemento na culinária que eu defino de ladrão, pois pode roubar o paladar de qualquer combinação e foi o que aconteceu neste caso. Mas aí vieram os ravioles, finíssimos, ao queijo parmeggiano com trufas negras de inverno, aspargos e água de tomates assados. Absolutamente delicioso! Eu sou suspeita pois sou fá de vieiras, as famosas coquilles saint-Jacques.

 

Acho gostoso sempre, fácil, é só gratinar e um fio de azeite por cima com pimenta já excelente. Se de quebra ainda vem com algo acompanhando, então eu vou a lua. Eram salteadas e servidas com funcho, molho sutil à base de curry e crocante de gergelim. E assim vi estrelas nesta noite, pois estava glorioso.

 

Hotel Guanahani e Spa

Grand-Cul-de-Sac

0590 27 66 60

 

Bartô, no Hotel Le Guanahani: volta à ilha

 

 

EDEN ROCK

 

Como opção de praia e almoço diria que é o campeão. A praia é daquelas que nós brasileiros gostamos. Areia que é areia e agua tranquila, morna esperta e com muito espaço para uma caminhada. Enfim, a mim me agrada muito , principalmente quando a comida depois do sol é daquelas fantásticas. Num ambiente despojado chique com guardanapos verde cítrico e um hotel incrustrado na rocha, bem capa de revista, onde você faz parte deste cenário.

 

No cardápio do chef Jean-Georges Vongerichten e sua chef executiva Anne-Cécile Degenne, caprichos como o gaspacho de pepino com citronela, que é muito leve e saboroso. Eu não me dou bem com gaspacho normal por conta do pimentão que sempre tem, mas esse não. Era uma sopa de pepino com iogurte, enriquecido com o paladar refrescante da citronela, que lembra o hortelã. Lâminas de pepino, alface cortada bem fina e uma amora, (sim, uma amora). Ficou perfeito.

 

Em seguida, uma salada simples, crocante e criativa à base de vagens (pois gourmands) cortado em tiras muito finas e uma novidade em termos de alface: a variedade sucrine, que é simplesmente cortada ao meio. Completam salsas do tipo baby e tiras de queijo grana padano. Na seqüência, calamares empanados desmanchando na boca, crocante e muito sequinho. Eram servidos com dois molhos, um de tomate picante e o outro de mostarda com alho ao fundo.

 

De tão bom tive que perguntar: foi frito cru mesmo, apesar de estar desmanchando na boca e a crosta é como diz o prato de farinha de pretzels esmigalhados. Para aliviar a culpa, pedi uma muzzarela de búfala com doce de casca de limao picado e duas folhas de manjericão , assim, displicentemente em cima de tudo. Incrível.

 

Mas vou confessar, já que não tem penitência, comi também uma pizza de trufas negras com queijo fontina, feita na hora num forno a lenha que construíram este ano logo na entrada. Não deu para dispensar este item pois o perfume da trufa e de massa no forno toma o ambiente. Agora na honestidade, antes do café teve uma cheese cake. Como não comer uma, num restaurante tipicamente para americanos? Era do tamanho certo com um sorbet de framboesa ao lado. E chega! Café, a conta e muita caminhada…

 

Hotel Eden Rock

Baie de St Jean

0590 29 79 99

 

Burrata ao limão, do Eden Rock

 

 

 

 


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