Meus alfarrábios indicam que agiorgitiko é interpretação oficial de αγιωργίτικο, grafado freqüentemente como aghiorghitiko (Pierre Galet) ou agiorgithiko (Jancis). Para todos os casos, uva de São Jorge. É a casta da moda na Grécia do início do século XXI, quando tornou-se a segunda mais colhida e a proporcionar os melhores resultados, com a instalação de um novo parque vinícola, após a Segunda Guerra. Nas palavras do crítico Hugh Johnson, dependendo de onde é plantada, pode proporcionar desde suavidade e charme até densidade e guarda, por ser uma uva que “ama o carvalho”.
Mas Johnson não cita Boutari, o rótulo que experimentei, entre os produtores preferenciais. Mas Oz Clarke me redimiu e, bem mais entusiasmado com a uva do que seus colegas, Jancis inclusive, lembrando o seu potencial para envelhecimento, quando, em áreas mais altas como o Peloponeso, revela boa acidez. Nessa região, segundo Galet, o vinho é conhecido como “sangue de Hércules”.
Aproveito a erudição de nosso ampelógrafo e ouso comparar a primeira impressão da uva no Boutari 2008 com a sangiovese, de étimo semelhante. Mas de complexidade e cor que podem lembrar um pinot noir, com frutas adoráveis e alguma evolução para couros que a gente faz de conta que são agradáveis. Das notas sugeridas pela vinícola, a subsidiária Mantinia, senti as frutas todas, mas pouco da baunilha e nada do tal coco.
Complementando, as apelações mais conhecidas são ‘Attikis’, onde é autorizada, e de ‘Korinthias’, ‘Nomos Arkadias’ e ‘Nomos Argolidos’, nas quais integra os cortes, obrigatoriamente, às vezes com cabernet sauvignon. Para uns, a denominação da vinha viria da comunidade de Agios Georgios, na ilha de Corfu; para outros, viria de uma improvável referência da época do amadurecimento da uva, que coincidiria com os festejos e sagrações de São Jorge.
Boutari Agiorghitiko 2008
Boutari (Vinícola Mantinia)
País: Grécia
Região: Nemea, Peloponeso
Uva: Agiorgitiko (100%)
Álcool: 13%
Barrica: 12 meses
Na Cavist de Ipanema por 96 reais
Importadora: Vinci