Bubble 1, os copos

[7 dez 2012 | Pedro Mello e Souza | Sem comentários ]

Bazzar Bubble Bar: bancos baixos e astrais altos (FOTOS: Pedro Mello e Souza)

 

O Reinaldo Paes Barreto falou elegante e preciso: “tem a permanência do La Coupole, o desprendimento do Oyster Bar da Pennsylvania Station, o clima de um restaurante provençal”. Foi mais ou menos isso, ele me corrigirá – aí sim, será mais preciso. Acrescentei uma ou duas observações para tentar participar daquela definição de clareza proustiana, mas já estava tudo dito. Era o fim de uma degustação de vinhos gregos e olhávamos para o grupo que tomava o balcão do novíssimo Bubble Bar do Bazzar.


 

Vors Amontillado 30 anos: sal e sol de Jerez, a Ipanema andaluza

Não é um balcão de english bar típico, de luzes baixas, bancos altos e astrais médios. É baixo, com copos, garrafas e geleiras expostas, suando, insinuando. Sem trocadilho, bebida dá água na boca. De dia, o sol se encarrega do light design. De noite, a luz vem de dentro do bar. Emana dos copos, com um efeito deslumbrante – posto que de uma simplicidade irritante.

 

Giulio Ferrari Reserva del Fondatore: o melhor champanhe fora de Champagne

A carta dos borbulhantes chega na mão, mas o olho já está no balde, grande o suficiente para manter as sugestões dos rótulos do dia para degustar em taça: pode ser um dos quatro melhores espumantes brasileiros (já vi o 130 da Valduga e o Terroir Nature 2009 da Cave Geisse), pode ser uma cava (Gramona Imperial Gran Reserva) ou um notável champenois italiano (Ferrari, Reserva del Fondatore 2001, talvez o melhor do gênero fora os champanhes) Ou ainda um Philipponat Clos des Goisse: champanhe de verdade.

 

Champanhe Pol Roger Cuvee Churchil: sotaque britânico em um bar nada english

No mesmo balde, podem ser encontradas algumas das melhores cervejas brasileiras do momento. Me refiro às artesanais, como a Falke Vivre, uma lambic (depois explico o que é lambic) que eu jurei que era belga, mas a boca de jabuticaba me colocou no meu devido lugar. Ou uma interessantíssima Rasen, uma dunkel (depois explico o que é dunkel) de Gramado, com espuma, cor e sabor que remetem ao mate. Very gaúcho. Entre as águas, não citadas, mas excitantes, a melhor que já provei no Brasil: a Cambuquira.

 

Cerveja Rasen Dunkel: de Gramado, bolhas e toque de mate

 

Um ingrediente especial das bolhas, a salinidade, pode dispensar as próprias bolinhas, especialmente em Ipanema, ponto de encontro de um mar de sais e espumas. E, agora, sede de uma das mais completas cartas de vinhos de Jerez que o bairro já viu: há o Fino La Ina Lustau (considerado um dos melhores do mundo), o manzanilla La Gitana e os monumentais Vors 30 Años, tanto o oloroso quanto o amontillado (depois explico o que são finos, olorosos e amontillados, com direito à exclamação Lorens Löwenhielm, o garboso general que comandou a mesa triunfal de A Festa de Babette).

 

 

 


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