O nome é belga, mas a marca é brasileiríssima. Mineira, pra ser mais exato, o que mostra como Belo Horizonte está se tornando um dos centros das cervejarias artesanais do Brasil. Experimentei quatro delas, inclusive a polêmica Petroleum. A primeira, a Quadruppel, experimentei na première da carta de cervejas do (sempre ele) Bazzar. Depois, na seleção do que tinha no Il Piccolo Caffè, na Rua do Carmo, em frente à agência em que eu fecho as edições da EatinOut.
A vanguarda está no sabor, claro, e no corpo, e no punch, que coloca as variedades da marca ao lado de outras referências nacionais, como a paulista Bamberg, a gaúcha Coruja, a catarinense Bierbaum e a petropolitana St. Gallen. E está também no investimento que faz em três itens de seu processo produtivo. O primeiro, a escolha de maltes modernos, que dão os mesmos equilíbrios entre fruta e amargor que marcam os rótulos americanos modernos.
O segundo é o investimento pesado em maturação, que acontece em carvalhos franceses viajados, que passaram por tintos antes de ir para a Escócia, onde absorveram maltes escoceses do envelhecimentos de vários tipos de uísque. O terceiro é o destino dos extratos e subprodutos, que se transformam em forragem de gado, em vez de ir pro lixo.
Abaixo, as minhas brincadeiras gustavivas, que serão, em breve, objeto de alegre revisão.
Wäls Dubbel
7,5%
Cor escura e de um âmbar acastanhado como a de um mate forte
Nariz rico com caramelos e geléias
Boca tem sabores fortes e travos que lembram o de um café de categoria.
Doce e sem amargos salientes.
Tem uma estrutura mais vertical e com um toque ácido e um ataque picante que lembra o de um refrigerante. É forte e, embora tenha um final delicado não preenche de todo o paladar.
Wäls Trippel
9,0%
Bronze claro, turva, opaca.
Nariz de cítrico leve, tangerina e manga.
Na boca, tem mais peso do que a Duppel, apesar de dar frescor. Enche mais na horizontal e sabe o milho.
Na volta, mais milho e alguma coisa de amêndoas. E evolução de malte algum chocolate ao leite.
Wäls Quadruppel
11%
Âmbar escuro, belíssimo, de espuma consistente.
Nariz de frutas cozidas, que me lembrou o de um Pedro Ximenez
A boca é untuosa, aveludada e com o peso das frutas, que seguem as do nariz.
Wäls Petroleum
12%
Cerveja preta e untuosa. Cai no copo como um café bem tirado.
O travo de chocolate amargo, que é flagrante tanto no nariz quanto na boca se explica:
É a primeira cerveja do estilo Russian Imperial Stout produzida em escala comercial no Brasil, maturada com cacau belga.