Ótimo encontrar um rótulo como o Rippon na lista que a revista inglesa Decanter acaba de divulgar, com os 14 melhores sauvignon blancs da Nova Zelândia. E ótimo também o destaque que se dá a um vinho tinto em um país que as importadoras insistem em colocar como um paraíso exclusivo dos brancos – espetaculares, faça-se justiça, pois a uva é tratada ali com uma fineza que poucos podem dar fora do eixo Bordeaux-Loire.
Mas esse vem de Central Otago, uma das mais bela áreas vinícolas do mundo. E os tintos da Rippon são bem superiores aos já superiores brancos desse rótulo. Sua localização, na ilha sul da Nova Zelândia, proporciona céus limpos e de sol clemente, em uma região fria, de estações definidas, irrigação e bom solo sob variações às vezes severas de temperatura, pois há verão e a proximidade do pólo sul.
É tudo de que precisa a uva pinot noir, especialmente a que dá origem ao Rippon, tinto delicado, que reencontrei no Esplanada Grill, por sugestão do Robson, sommelier da casa. É uma vinícola que está em sua quarta década de existência, nas margens do Lago Wanaka, cuja paisagem o crítico Hugh Johnson descreve como “stunning”.
No nariz e na boca, aromas de ameixas e cerejas, com notas de caça, sous-bois e carvalho, resultado dos 18 meses em barrica francesa. Na boca, tem o corpo médio, textura sedosa, taninos muito finos e final longo, características que lhe valeram uma honrosa nota 17,5 (sobre 20) da severa Jancis Robinson. A acidez esplêndida sugere guarda, mas é um vinho que já está pronto para ser degustado como uma das novas belezas da sempre Nova Zelândia.
Esse, eu experimentei no Esplanada, mas já conhecia do antigo VinoClub, do Salitre e do Fasano al Mare. Mas vale a pena procurar pelas safras 2006 e 2008 do pinot noir dessa mesma parcela do Lago Wanaka. Ou ainda os rótulos Emma Block, outra área, mas que Lady Jancis considera como os melhores.