A primeira experiência foi em Noto, fechando um almoço com a marca do gênio (simples, portanto) do mestre confeiteiro Corrado Assenza. Seis meses depois, descubro na adega do Esplanada Grill. Passo longo, não na distância, mas no paladar, um passito. E de Pantelleria, no caso, o Bukkuram de Marco de Bartoli, que, pela evolução dos produtos da região, vem se tornando um dos vinhos doces mais importantes do momento. Vinho e denominação nos chegam da ilha vulcânica de Pantelleria, extremo oeste da Sicilia – e da própria Itália.
É produzido a partir da uva branca zibibbo (denominação local do moscato de alexandria), colhida de videiras velhas. Os grãos são deixados para secar (passificar) ao sol entre muros de pedra vulcânica, enquanto outra parte passifica na planta. A doçura é equilibrada por acidez explêndida e por aromas ricos de doçuras que vão do mel ao damasco. A cor é de um dourado profundo, uase âmbar, em um encanto que fez com que os passitos de Pantelleria ganhassem em fama de um dos vinhos de sobremesa mais famosos da Itália, o marsala.
A Wine Spectator define esse rótulo como “um soberbo vinho de sobremesa”, embora a única prova registrada na publicação seja a da safra de 1996. Jancis Robinson não o cotou ainda, apesar da tradição de Marco de Bartoli, falecido recentemente, que merece, para seu Bukkuram, a classificação “outstanding”, de Hugh Johnson – e a melhor das classificações de Oz Clarke no verbete sobre o passito de Pantelleria.
Talheres: 90-95
Wine Spectator: 92 (1996)
Jancis Robinson: (sem cotação)
Oz Clarke: duas estrelas, “Excellent”
Hugh Johnson: duas estrelas, “Outstanding”