Não tenho mais paciência com a associação do ramo da oliveira com a pomba da paz ou com a falácia do dilúvio, hoje, já sabido, um tsunami que fundou o Mar Negro e afundou parte do Oriente Bíblico em lendas sobre o cataclisma. Mas abro aqui a minha exceção ao Oliveira Ramos, o azeite do über enólogo João Portugal Ramos, presente que minha nutricionista particular Fernanda Machado Soares trouxe na mala.
Feito o trocadilho, o lado mala em si: é produto leve, persistente, jeitão de azeitona recém-prensada e aquela cor verde-gentil (inventei agora) que o consumidor condicionado a óleo composto jamais reconheceria como azeite. No corte, as azeitonas das raças galega, cobrançosa e picual, em seleção dos olivais do produtor, em Estremoz, Alentejo. Todas finas, insinuantes e untuosas como um beijo bem dado.
E a garrafa é linda, serigrafada com os dizeres do próprio João a respeito da atividade, que, pode-se pensar, não é um novo ramo nem um novo trocadilho, mas o “regresso às origens”, como fala ele a respeito de sua vocação de infância, ele que nasceu entre vinhas e olivais, de ramos maiúsculos e sem lendário minúsculo.