O que me atrai nos modismos das mesas lisboetas é que, qualquer que sejam, serão, acima de tudo, portugueses. Mesmo no caso das tendências que vêm de fora, como o hambúrguer. Hambúrguer em Lisboa?, pergunta o incauto, que tem Portugal como uma grande esquina do bacalhau com pastel de Belém.
Yes, hambúrguer em Lisboa, mas de carne barrosã, do norte, rica, saborosa, sempre a de novilho. Ou de Carnalentejana, sensação recente, sucesso merecido. Se for cheeseburguer, queijos como os da Ilha (a de São Jorge, Açores, bem entendido), azeitão, Serra. E, em ambos os casos, pães como os de Mafra ou o badaladérrimo bolo de caco, também da Ilha, mas a da Madeira, bem entendido.
O que está lá em cima neste post é o do Cais da Pedra, de Henrique Sá Pessoa, com o queijo da Ilha derretendo em porções quase tão generosas quanto à da carne. O do meio é do Guilty, do inquieto Olivier da Costa. Nele, o bolo de caco dá outra dimensão ao hambúrguer de wagyu. Mais caco, dessa vez o de alfarroba, que dá cor e intensidade de pão preto ao sanduíche de salmão do Cais da Pedra, o que vem logo abaixo. Na guarnição desse último, mais uma inovação lusitana com marca de tradição: a batata doce (e frita, claro) de Aljezur, do ainda pouco explorado litoral do Alentejo.